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Skate sem obstáculos

  • Carol Almeida
  • 19 de out. de 2016
  • 3 min de leitura

Sempre tive uma imagem do skate bem deturpada. Coisa de vagabundo, de gente que não tem o que fazer, vive 24 horas na rua, drogado e irresponsável. Sim, essa era minha visão. Mas, enfim limpei os meus olhos através de alguém apaixonado pelo skate, não só como esporte, mas como estilo de vida.

Kauê Diacov, 23, é skatista apenas por hobby e além de andar, filma as manobras dos skatistas de rua para colocar em seu canal do YouTube, Vivendo na Gringa, que tem esse nome pois nasceu em Los Angeles, Estados Unidos, que foi quando ele decidiu fazer um intercâmbio para aprender inglês.

​Ele conta que os skatistas ainda sofrem muito preconceito, mas para ele, é o melhor esporte que existe. "O bom do skate é que você não precisa de ninguém pra praticá-lo, e às vezes, a única coisa que você quer, é dar um role por aí." ​Ele costuma encontrar alguns skatistas iniciantes e filma suas manobras. Além de tudo, Kauê conta que em qualquer lugar que você estiver e encontrar um skatista, ainda que vocês não se conheçam, irão conversar como se fossem irmãos, porque é isso que o skate faz, une as pessoas.

Outro exemplo disso é Thales Grulha, 32, auxiliar de escritório. Ele é skatista há alguns anos e também evangélico, e teve a ideia de unir o skate com a propagação da palavra de Deus nas ruas. O seu projeto se chama "Skate com Propósito", existe há 1 ano e tem como objetivo falar do amor de Deus através do skate, formar bons atletas, mas também, bons amigos, filhos, cidadãos e servos, ensinando-os a amar mais o próximo.

Os encontros do projeto acontecem todas as segundas-feiras, às 20:00hs no bairro do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. São feitos na rua mesmo, juntando a galera para andar de skate, depois param alguns minutos, tiram os obstáculos, se juntam e oram a Deus, por gratidão, após isso, Thales compartilha algum versículo bíblico com os que ali estão e, às vezes, faz uma dinâmica envolvendo o tema discutido e depois, voltam a andar de skate juntos. Além disso, esporadicamente, se reúnem para assistir algum filme ou simplesmente sair para comer algo, apenas para estarem juntos.

O projeto não recebe ajudas financeiras sempre. Ele conta que a comunidade religiosa em que participa uma vez ofertou um valor para o projeto e com isso, ele investiu em shapes, camisetas e agora, ele vende esses materiais para arrecadar dinheiro para o projeto, porém, são feitas mais doações do que vendas. Ele complementa dizendo “muitas vezes precisamos ajudar alguma criança ou adolescente que está necessitado de coisas básicas, e não temos dinheiro do projeto, mas ainda assim, não reclamo de tirar do meu próprio bolso, porque assim, nós ganhamos também”.

O público que normalmente frequenta são meninos e meninas de 9 a 18 anos, porém, Thales comenta que varia muito. Ao mesmo tempo em que aparecem crianças de 7 anos, já apareceu um adulto de 40.

Thales concorda com o Kauê no ponto em que o skate é um esporte diferente porque a união sempre vence, “ainda que seu adversário seja melhor que você, nós skatistas sempre iremos aplaudi-lo, é apenas questão de respeito”, diz Thales. Um esporte que alcança pessoas das comunidades é maravilhoso, ele relata que em uma noite, algumas pessoas pararam para observá-los e estão com eles até hoje.

Em resposta à minha pergunta sobre preconceito, Thales diz que vê sim preconceito sim com quem gosta de andar de skate, mas ele justifica isso com o comportamento de algumas pessoas, não todas. "Lembro, por exemplo, que muitos jogadores de futebol também não dão exemplo, alguns lutadores também não, e nem por isso são mal vistos como os skatistas", diz Thales. Além disso, ele comenta que hoje o esporte já virou profissão para muitos, ainda que seja difícil alcançar uma boa estabilidade financeira com o skate, é possível.

Com isso, Thales mostra que o skate é extremamente benéfico e inclusivo, cria amizades, companheirismo e também traz benefícios para a saúde, como ele mesmo prova ao falar da sua diabetes. "Eu sou diabético e sabia que precisava de exercícios físicos, então, encontrei no skate uma forma de me exercitar e me divertir também e posso dizer que me faz muito bem em todos os aspectos da minha vida."


 
 
 

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